_ É estranho mesmo, em meio a um turbilhão de preocupações, compromissos, correria, contas a pagar... você sente uma súbita vontade de escrever. Colocar para fora, de uma só vez, toda a inquietação da alma.
_ Quando aconteceu comigo era exatamente às cinco para as onze da noite, enquanto eu escovava os dentes em frente ao espelho.
_ Ah o espelho. Para muitos é uma montanha a ser transportada, um mistério a ser decifrado, uma verdade que teima nos desafiar.
_ Você costuma se olhar no espelho? Quando digo olhar não me refiro a ver, nem enxergar, vai mais além, no fundo, no escondido, naquilo que existe e não admitimos, que tentamos camuflar de algum modo... ou de todos os modos.
_ É... acho que eu nunca me olhei no espelho.
_ Compreender a mente humana é um desafio, principalmente a nossa. Ela é capaz de projetar absurdos, sujeita a enlouquecer, pois, em meio ao caos nos é exigido encontrar o equilíbrio, a água fria na explosão, a lucidez no devaneio, a visão em meio ao escuro.
_Nossa que drama. Você tem apenas 21 anos e tem essa visão tão trágica das coisas? Não viveu nem a metade da vida e já vem com pedras?
_Mas que graça teria viver sem dramatização? Afinal, estamos num palco o tempo todo, em todos os momentos nos é exigido uma atuação. Precisamos sempre mostrar para o outro nossas vontades, sensações, aprovação, desacordos, enfim, somos atores da vida real. E dentre todas as tragédias eu prefiro o drama.
19/06/09
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